"- E então Lúcio me dizia para ficar feliz, Camille, que eu engolisse o choro, já que os encontros precisam ser celebrados. Sim, a chegada dele trouxe-me uma felicidade absurda. E eu que pensei que não tivesse talento para a felicidade.
- Não tens é talento para a sarjeta, sua boba - sorri Camille, doce.
- Talvez eu não seja muito boa em celebrar. De choro, eu entendo. E de cheiros. Depois que ele se foi, naquela noite, eu passei dias farejando meus vestidos curtos de verão, tentando resgatar vestígios do perfume dele. Hoje, enquanto passava rímel nos cílios, antes de vir te encontrar aqui no café, eu olhava para o meu estojo de maquiagem e pensava: como essa necessaire foi feliz, enquanto esteve ao lado do vidro de perfume dele. Essas coisas bobas que me fazem suspirar, eu penso...
Camille apenas sorri.
- Vezenquando, eu me sinto tão patética, Camille. Eu compraria o perfume dele, se soubesse o nome. Evidentemente, cada perfume tem um cheiro diferente na pele de cada pessoa. E não seria a mesma coisa...
- O amor é patético, Luísa".
(Cadernos de Luísa, Vanessa Souza Moraes)