domingo, 23 de janeiro de 2011

Silêncios,cansaço,abraços e preces.

Tarde.Após algumas poucas palavras,um casal deita em um belo campo.
Ele:Já está cansada?
Ela: Um pouco.
Ele: O que te cansa?
Ela: O que me cansa?
A garota se deu conta que ainda não tinha feito essa pergunta para si mesma..estava farta..mas não sabia de que porque não havia parado pra pensar..e agora,ele a motivou a fazer isso.
Ela:Estou cansada dos meus pensamentos..das minhas atitudes..da faltadelas.Estou cansada de confusão..de dúvidas..ou de certas certezas.Estou cansada de colocar tudo a perder..de sofrer pelos outros..sofrer por causa de alguém..sofrer por vontade própria.Estou cansada das complicações..das situações..da eterna vontade de ter/querer/fazer e ao mesmo tempo não mover uma palha por isso.Estou cansada de mim,acho..principalmente porque eu acabo cansando os outros..e isso não é bom.
Silêncio.
Ele:Já que estamos sendo francos,você é uma pessoa dificil..fato.E talvez já esteja acostumada com a imagem de pessoa dificil.Mas não precisa ser assim..é só querer.Sim,eu também posso ter me cansado um pouco de você..mas talvez ainda reste alguma força..talvez ainda possa existir algum ânimo pra me fazer correr o resto da competição,apesar do cansaço..
Ela:Eu sei..você é forte..e cá entre nós,eu invejo isso.Tem muita coisa na minha vida que ainda tá bagunçada..outras que nem deveriam estar mais,visto que eu já sei o que fazer pra arrumar sabe?..tenho que ver por onde começar..sempre haverá um começo,não é mesmo?
Ele:Sim,sim..sempre haverão começos..meios..fins..recomeços..mudanças..ou nada.
Ela: É..ou nada.
Ele:Enfim,mas algo haverá.
Deram sorrisos leves.
Ela:É bom estar com você por perto,de novo..ainda que depressa.
Ele:Sei..
Ela:Não,não sabe..e adivinha? Por culpa minha,como sempre..também não sou boa em fazer as pessoas terem certeza ou acharem certas coisas..
Ele olha fixamente pra ela.Ela faz o mesmo.A grama,o céu,o girassol que ela carregava nas mãos..todos percebiam que talvez ainda existisse alguma coisa ali..no meio..no olho.
Ela:Eu nunca deixei de gostar de você..só não sei quando foi que eu deixei de gostar um pouco menos de mim.
Ele a abraçou..um tanto relutante,mas abraçou.E ficaram o resto do dia assim..em silêncio,abraçados,deitados,talvez reflexivos..mas ficaram.E lá em cima,o céu ainda dizia para as nuvens..a gente ainda vai ver muitas coisas..e quem sabe,tudo vai ficar bem.Nessa hora,as nuvens sorriram e concordaram..e junto com as etsrelas que ainda não apareciam mas estavam lá..rezaram..por tempos melhores..por eles.

(Thaís Tenório.):D

"..o destino, como os dramaturgos ,não anuncia as peripécias nem o desfecho.."

[Machado de Assis.]:D

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Sorte

(...) Pois a sorte conhece meu endereço e bate à minha porta. Está aqui, presente do bingo ao trevo de quatro folhas. E eu sei, eu sei que você dirá que sorte não existe, que o que existe são conquistas. Então chame de acaso, coincidência, fé, o que for. Independente do nome, aqui tem de sobra. E antes que você pergunte onde está meu bilhete premiado na Mega Sena, onde foi parar o carro que ganhei no último sorteio ou quanto dinheiro andei achando na rua, é bom avisar: Sorte pra mim é ver o carrinho de picolé chegando. É compartilhar gargalhada na segunda. Acordar com vontade de fazer bolo e ver que tenho os ingredientes. É ganhar beijo roubado. Sorte pra mim é sol no sábado. É pijama até às 3. É reunir os melhores amigos com chapeuzinho de aniversário. É saber que amanhã é sexta. E que os problemas já podem ser substituídos. Sorte é saber que eu sou forte, capaz e saudável. E saber que eu não sou um monte de coisas. Mas que posso ser. É ter pra quem ligar quando eu quero rir. E ter alguém pra chamar quando eu quero colo. É ter certezas. De que vai dar tempo. De que vai dar saudade. E de que eu sou determinada a ponto de quebrar a cara (e de não desistir com isso). É, acima de tudo, saber perceber que eu tenho sorte.
Sorte é ter um passado doce e o açucareiro nas mãos."

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Às vezes, a gente nem precisa mesmo de palavras.

“Deixa os nossos olhos se encontrarem outra vez, e outra, até nascer aquele sorriso bom que acontece quando a vida da gente se sente olhada com amor. Senta apenas ao meu lado e deixa o meu silêncio conversar com o seu. Às vezes, a gente nem precisa mesmo de palavras.”

domingo, 2 de janeiro de 2011

Eu sou intensa. E vou morrer assim. Por mais que eu tente puxar o freio de mão, as emoções me dominam e pulam de dentro de mim desesperadamente. Por isso, sou a favor do amor, da verdade, da vontade. Não sou a favor da traição e da mentira. Procuro fazer o bem e ficar em paz com minha consciência e meu coração, mas de vez em quando cometo deslizes humanos. Sinto ciúme, faço fofoca e tenho dias azedos. Sou quase normal e quase louca. Não sei muita coisa, mas procuro estar com os olhos e ouvidos abertos para absorver tudo que a vida me dá. Adoro viver. E eu amo, amo demais. Tenho um amor imenso pelas pessoas que são importantes na minha vida. Hoje, consigo separar e saber quem é meu amigo, quem é colega, quem é conhecido. Apesar disso, convivo bem com todos. Pouca gente sabe a fundo da minha vida e de mim, eu disfarço. Não gosto de me expor. Eu, que adoro rir, nunca ri tão pouco. Meu riso e meu sorriso andam acanhados, tímidos, preferem ficar do lado de fora da festa observando tudo que acontece. Ando séria, introspectiva, fechada, refletindo sobre a vida. Me aconteceram coisas tão boas. Delas, procuro lembrar sempre. Me aconteceram coisas tão ruins. Delas, tiro lição. Dois mil e dez foi um ano marcante. E doído. Sei que não acabou ainda, mas já sentei no balanço para lembrar do que foi, do que não volta, do que ficou. Em alguns momentos, a gente precisa de mais do que nos dão. Certos períodos são delicados, exigem mais atenção, cuidado, amor, dedicação, delicadeza. Acho que é isso: tô precisando do céu. Mas a gente não pode esperar que alguém nos dê. Por isso, procuro meu lado zen, quem sabe, assim, evoluo de uma vez por todas e aprendo que a gente deve contar é com a gente mesmo. E fim.

sábado, 27 de novembro de 2010

que doí mais do que a palavra dor


"Nenhuma palavra dói mais do que a ausência de palavras. Você não é tolo e sabe muito bem disso. Você me impunha um silêncio devastador. Sumia, não dava notícias, fazia de propósito, queria me ver chegar perto da morte, paralisada, sem forças. Eu esperava o telefone tocar, ele não tocava. (...) Esperava o apito do meu computador avisando a chegada de um novo e-mail, ele não apitava. Esperava uma carta, um sinal de fumaça, uma mensagem no celular, esperava que você aparecesse e trouxesse consigo alguma palavra. Esperava e esperava e esperava. E você não vinha. Você me deixava a sós com esse silêncio que dói mais do que um grito arranhado, do que um corte profundo na carne, que dói mais do que a palavra dor".

(A chave da casa, Tatiana Salem Levy, Ed. Record, P. 139)

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

sempre e sempre.


"LUÍSA - Teria sido preferível que você partisse para a legião estrangeira depois daquele encontro... ah, teria sido o perfeito: um homem que me dava o maravilhoso e depois ia embora, sem tempo para me magoar, sem tempo de matar o sonho... nunca mais foi assim, nunca mais aquele encontro das primeiras descobertas... eu sabia que ia ser diferente da próxima vez, quando me despedi de você... mas, inevitavelmente, eu iria me encontrar com você e voltar, sempre e sempre, esperando que se repetissem a leveza e a entrega do primeiro encontro... mas isso parecia irrecuperável... não, você não era o Gary Cooper, nem nenhum daqueles galãs gentis do tempo da minha mãe... não, você não iria para a legião estrangeira, nem para a China, nem para nenhum lugar distante... eu teria que te ver todos os dias e, dia a dia, me entregar à tua maldição porque o meu lado escuro, essa parte maldita de mim, há tanto tempo adormecida, já tinha sido despertada e reconhecia em você o sujeito da minha perdição".

(Teatro Completo - Maria Adelaide Amaral, peça: De braços abertos, p. 191-192, Ed. Global)

terça-feira, 23 de novembro de 2010

foi então que percebi

- Foi então que percebi que amar...
- Não tem remédio? – antecipa-se Gustavo, completando a frase de Luísa.
- Não... – ri, triste. – Não estou citando o Caio Fernando Abreu. A frase é minha: foi então que percebi que amar é perder a dignidade. - encosta a cabeça no ombro do amigo e suspira, durante o intervalo do filme antigo que assistem na TV, na sala branca dela.
- Ah, Luísa – faz um leve afago nos cabelos dela – Qual é o problema de descer do salto uma vez? Pronto: desceu e já subiu. És tão exigente com você mesma. Deveria exigir mais dos outros também. Nada de aceitar restos e migalhas.
- Você acredita que eu exijo pouco e ainda assim... Enfim, imagine só se pedisse demais...”

(Cadernos de Luísa, Vanessa Souza Moraes)