sábado, 27 de novembro de 2010
que doí mais do que a palavra dor
quarta-feira, 24 de novembro de 2010
sempre e sempre.
"LUÍSA - Teria sido preferível que você partisse para a legião estrangeira depois daquele encontro... ah, teria sido o perfeito: um homem que me dava o maravilhoso e depois ia embora, sem tempo para me magoar, sem tempo de matar o sonho... nunca mais foi assim, nunca mais aquele encontro das primeiras descobertas... eu sabia que ia ser diferente da próxima vez, quando me despedi de você... mas, inevitavelmente, eu iria me encontrar com você e voltar, sempre e sempre, esperando que se repetissem a leveza e a entrega do primeiro encontro... mas isso parecia irrecuperável... não, você não era o Gary Cooper, nem nenhum daqueles galãs gentis do tempo da minha mãe... não, você não iria para a legião estrangeira, nem para a China, nem para nenhum lugar distante... eu teria que te ver todos os dias e, dia a dia, me entregar à tua maldição porque o meu lado escuro, essa parte maldita de mim, há tanto tempo adormecida, já tinha sido despertada e reconhecia em você o sujeito da minha perdição".
(Teatro Completo - Maria Adelaide Amaral, peça: De braços abertos, p. 191-192, Ed. Global)
terça-feira, 23 de novembro de 2010
foi então que percebi
- Não tem remédio? – antecipa-se Gustavo, completando a frase de Luísa.
- Não... – ri, triste. – Não estou citando o Caio Fernando Abreu. A frase é minha: foi então que percebi que amar é perder a dignidade. - encosta a cabeça no ombro do amigo e suspira, durante o intervalo do filme antigo que assistem na TV, na sala branca dela.
- Ah, Luísa – faz um leve afago nos cabelos dela – Qual é o problema de descer do salto uma vez? Pronto: desceu e já subiu. És tão exigente com você mesma. Deveria exigir mais dos outros também. Nada de aceitar restos e migalhas.
- Você acredita que eu exijo pouco e ainda assim... Enfim, imagine só se pedisse demais...”
(Cadernos de Luísa, Vanessa Souza Moraes)
domingo, 21 de novembro de 2010
encerrar ciclos.
Fernando Pessoa.
sábado, 13 de novembro de 2010
domingo, 7 de novembro de 2010
- Para mudar uma vida, tem que ter encontro. E eles começam pequenos, porque o começo é assim, é começo, nem meio nem fim, mas já é a ponta da linha que se arrasta - diz Bê".
(Cadernos de Luísa, Vanessa Souza Moraes)
terça-feira, 2 de novembro de 2010
Mesmo que não o diga, você sempre sabe do que estou falando. Porque a gente sempre sabe.
domingo, 31 de outubro de 2010
Sempre acaba voltando
quinta-feira, 28 de outubro de 2010
E o que passou, calou/ E o que virá, dirá
- Sim... - Pára subitamente, como quando tem uma ideia. Ajeita-se melhor no seu sofá branco. - Então vamos combinar uma coisa?
- Hmmmmmm? - pergunta ele, sem abrir os olhos.
- Sem grandes angústias dessa vez? Vamos tentar? Quer dizer, vais viajar, é fim de ano, não devemos nos ver tão cedo, creio eu. Você é a saudade que eu gosto de ter... - Inclina-se e o beija levemente, no pescoço.
Stanley ri, mordaz.
- Claro, Bonitinha, é tão simples. Minha Annie Hall de repente virou Pollyanna. Onde queres que eu assine?".
(Cadernos de Luísa, Vanessa Souza Moraes)
sábado, 23 de outubro de 2010
Dor de amor
Eterno
Mas estou tão poderoso na minha sede que inventei a você para matar a minha sede imensa.
Você está tão forte na sua fragilidade que inventou a mim para matar a sua sede exata.
Nós nos inventamos um ao outro porque éramos tudo o que precisávamos para continuar vivendo.
E porque nos inventamos um ao outro, porque éramos tudo o que precisávamos, para continuar vivendo.
E porque nos inventamos, eu te confiro poder sobre o meu destino e você me confere poder sobre o teu destino.
Você me dá seu futuro, eu te ofereço meu passado.
Então e assim, somos presente, passado e futuro.
Tempo infinito num só, esse é o eterno."
segunda-feira, 18 de outubro de 2010
Imprevisível
(...) Ligue sem motivo para o amigo, leia o livro sem procurar coerência, ame sem pedir contrato, esqueça de ser o que os outros esperam para ser os outros em você.
(...) Cometa bobagens. Ninguém lembra do que foi normal.
Que as suas lembranças não sejam o que ficou por dizer. É preferível a coragem da mentira à covardia da verdade”.
(Crônica "Imprevisível", in: O Amor Esquece de Começar, Carpinejar)
domingo, 17 de outubro de 2010
Lírica, Trágica e Cómica
sábado, 16 de outubro de 2010
Que seja doce se vier
sexta-feira, 8 de outubro de 2010
Fio por fio.
segunda-feira, 4 de outubro de 2010
É estúpido - e humano também
- Stan! – ela sorri e larga o livro que estava lendo – Bem, e você? Como foi o congresso em, no... Onde era mesmo? – tenta recordar-se, em vão.
- Espanha. Estou aqui ainda, no aeroporto. Foi bom. Muitas menininhas vieram falar comigo ao final da palestra. Dou atenção, pergunto o nome delas e elas dormem felizes – dá uma risada sarcástica.
- Sei, você não tem paciência com menininhas, de qualquer modo – Luísa fala, com certo descaso – Aliás, você me liga uma e meia da manhã para dizer isto?
- E você fica puta ao ouvir. Mas vai negar. Vai Luísa, nega – provoca-a rindo – Liguei porque senti saudades.
- Eu já tive vinte anos, sei como é – ri – Não fico mais. Há tempos não me permito sentir ciúmes de você. É estúpido.
- Não é não. É humano”.
(Cadernos de Luísa, Vanessa Souza Moraes)
sexta-feira, 1 de outubro de 2010
Não há raivoso burro
"(...) - O que sinto? Não sei o que sinto, estou pensando agora no que sinto e não estou gostando nem um pouco.
(...) - Ai me achega uma preguiça do que não vivi.
(...) Para destruir, montamos e desmontamos o dicionário com afinco, puxamos as piores fragilidades para sangrar. Criamos até neologismos. No momento da briga, ninguém segura o verbo. Não há raivoso burro. Não há raivoso com língua presa. Não há raivoso gago. Um Padre Antonio Vieira acorda na acusação apontando os dedos ao destino.
No momento da paz, o verbo é travado. Parece que não precisamos fazer mais nada, a não ser recorrer às exclamações. Observamos nossa namorada e nos tranquilizamos com "bonita", "linda", "maravilhosa", "incrível", "fabulosa". Ela vai se tornando igual às outras. Não criamos gentilezas novas, não nos esforçamos para a homenagem. Não duvidamos do que sopramos para fora.
Se ela derruba os livros no chão, apontaremos que ela é atrapalhada. Por que não dizer que ela transborda?".
(Crônica: Preguiçoso no elogio - de: Mulher Perdigueira, Carpinejar, Ed. Bertrand Brasil, p. 101-102)
terça-feira, 28 de setembro de 2010
Primavera (in)contida.
Abre a porta da cozinha colorida, deixa a bolsa e as correspondências sem importância sobre a bancada e pega um copo de água gelada. Bebe de um só gole, alterando o hábito: Luísa bebe devagar, come devagar. Todo o resto se passa rápido.
Senta ao redor da pequena mesa, olha o envelope. Não quer rasgá-lo e pega uma tesoura rosa na gaveta. Corta com cuidado no cantinho e retira a carta. A caligrafia sinuosa de Lúcio. A caligrafia bela de Lúcio. Leu de um só fôlego.
***
Luísa,
Tenho um estrondo de primaveras incontidas.
Sou minha abnegação e um pecado convertido em prazer.
Sou suas pequenas e múltiplas feridas, que não saram, não cicatrizam, que se infeccionam até se converterem num manto de sujeira habitado por vidas ignoradas e rastejantes na esperança de luz.
Ainda sim, te busco, te escrevo.
Pois sei que tem muito amor escondido entre os mesmos dedos que seguram essa adaga fria. Que te trago para dança e danço contigo em passos de conta gotas.
E você não quer e mais tarde quer sempre mais. Mesmo que seja patético, mesmo que seja sublime.
Te destroço a carne, e em cada coisa que te digo, coloco um pássaro cego se chocando contra a janela. Sou obstinado em preencher as palavras com cheiros e viscosidades de lesmas. Os dias, às vezes, são amanhecidos em mim.
Ao fim sobra o espanto de que nossos corações já tão doídos insistam nessa perigosa aventura de se entregar mais uma vez e outra e outra e quantas forem necessárias para que encontrem um porto definitivo ou qualquer coisa que se assemelha àquelas histórias de pessoas felizes, meio Paulette Goddard e Carlitos que caminham sem fantasmas, sem labirintos.
Só te peço que da próxima vez que a gente se ver, por favor, não se esqueça de trazer seu chapéu coco e tua queda feita de plumas.
Te mato no abismo de mim e te amo no horizonte em que me perco,
Lúcio
***
Suspirou e respirou fundo. Um sorriso brotou, e ali ficou. Encostou a cabeça na parede. Depois dos pratos quebrados, o espanto de insistir como Paulette Goddard e Carlitos, nessa estrada sem fim. Num horizonte onde amores são sempre possíveis, tem muito amor. Sim”.
(Cadernos de Luísa, Vanessa Souza Moraes)
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
Felicidade, sempre clandestina
domingo, 12 de setembro de 2010
Seu coração é frio como gelo e me atrai...
segunda-feira, 23 de agosto de 2010
Essas coisas bobas que me fazem suspirar, eu penso...
- Não tens é talento para a sarjeta, sua boba - sorri Camille, doce.
- Talvez eu não seja muito boa em celebrar. De choro, eu entendo. E de cheiros. Depois que ele se foi, naquela noite, eu passei dias farejando meus vestidos curtos de verão, tentando resgatar vestígios do perfume dele. Hoje, enquanto passava rímel nos cílios, antes de vir te encontrar aqui no café, eu olhava para o meu estojo de maquiagem e pensava: como essa necessaire foi feliz, enquanto esteve ao lado do vidro de perfume dele. Essas coisas bobas que me fazem suspirar, eu penso...
Camille apenas sorri.
- Vezenquando, eu me sinto tão patética, Camille. Eu compraria o perfume dele, se soubesse o nome. Evidentemente, cada perfume tem um cheiro diferente na pele de cada pessoa. E não seria a mesma coisa...
- O amor é patético, Luísa".
(Cadernos de Luísa, Vanessa Souza Moraes)
quinta-feira, 5 de agosto de 2010
talvez por isso
(Caio F.)
terça-feira, 27 de julho de 2010
Não posso ser feliz, longe de quem eu sempre quis.
segunda-feira, 26 de julho de 2010
quinta-feira, 22 de julho de 2010
Grandes amores
terça-feira, 20 de julho de 2010
O que quer uma mulher
segunda-feira, 19 de julho de 2010
O que se faz do que se faz.
quinta-feira, 15 de julho de 2010
o que dizer?
terça-feira, 13 de julho de 2010
O acaso.
domingo, 11 de julho de 2010
sexta-feira, 9 de julho de 2010
Lado B
(Contardo Calligaris)
quinta-feira, 8 de julho de 2010
Duas Almas Especiais.
quarta-feira, 7 de julho de 2010
Rodeios
quarta-feira, 23 de junho de 2010
Solidão Contente.
terça-feira, 22 de junho de 2010
quinta-feira, 10 de junho de 2010
sábado, 22 de maio de 2010
10 em 1!
Nessas horas sempre surge aquela tradicional perguntinha: Por que aquela pessoa pela qual você trocaria qualquer programa por um simples filme com pipoca abraçadinho no sofá da sala não despenca na sua vida?
quarta-feira, 28 de abril de 2010
A IMPONTUALIDADE DO AMOR.
quarta-feira, 21 de abril de 2010
Amor e perseguição
As pessoas ficam procurando o amor como solução para todos os seus problemas quando, na realidade, o amor é a recompensa por você ter resolvido os seus problemas”. Norman Mailer. Copiem. Decorem. Aprendam.
Temos a mania de achar que amor é algo que se busca. Buscamos o amor em bares, buscamos o amor na interner, buscamos o amor na parada de ônibus. Como num jogo de esconde-esconde, procuramos pelo amor que está oculto dentro das boates, nas salas de aula, nas platéias dos teatros. Ele certamente está por ali, você quase pode sentir o seu cheiro, precisa apenas descobri-lo e agarrá-lo o mais rápido possível, pois só o amor constrói, só o amor salva, só o amor traz felicidade.
Amor não é medicamento. Se você está deprimido, histérico ou ansioso demais, o amor não se aproximará,e, caso o faça vai frustrar suas expectativas, porque o amor quer ser recebido com saúde e leveza,ele não suporta a idéia de ser ingerido de quatro em quatro horas, como antibiótico para combater as bactérias da solidão e da falta de auto-estima. Você já ouviu muitas vezes alguém dizer: “Quando eu menos esperava, quando eu havia desistido de procurar, o amor apareceu”. Claro, o amor não é bobo, quer ser bem tratado, por isso escolhe as pessoas que, antes de tudo, tratam bem de si mesmas.
“As pessoas ficam procurando o amor como solução para todos os seus problemas quando, na realidade, o amor é a recompensa por você ter resolvido os seus problemas”. Normal Mailer. Divulguem. Repitam. Convençam-se.
O amor, ao contrário do que se pensa, não tem que vir antes de tudo: antes de estabilizar a carreira profissional, antes de viajar pelo mundo, de curtir a vida. Ele não é uma garantia de que, a partir do seu surgimento, tudo o mais dará certo. Queremos o amor como pré-requisito para o sucesso nos outros setores, quando na verdade, o amor espera primeiro você ser feliz para só então surgir diante de você sem máscaras e sem fantasia. É esta a condição. É pegar ou largar.
Para quem acha que isso é chantagem, arrisco sair em defesa do amor: ser feliz é uma exigência razoável e não é tarefa tão complicada. Felizes aqueles que aprendem a administrar seus conflitos, que aceitam suas oscilações de humor, que dão o melhor de si e não se autoflagelam por causa dos erros que cometem. Felicidade é serenidade. Não tem nada a ver com piscinas, carros e muito menos com príncipes encantados. O amor é o prêmio para quem relaxa.
terça-feira, 20 de abril de 2010
Treinando Para Matar!
quarta-feira, 14 de abril de 2010
Quero que esse sentimento dure para sempre!
domingo, 11 de abril de 2010
A tristeza permitida.
sexta-feira, 9 de abril de 2010
Enfim Sexta!
''nem tudo o que importante é prioritário, e nem tudo o que é necessário é indispensável!''
quinta-feira, 8 de abril de 2010
Grandes Mulheres
Dizem que por trás de todo grande homem existe uma grande mulher. Meia-verdade. Ele pode ser grande estando sozinho também. Mas com uma mulher xarope ele não vai chegar a lugar algum.
Mulher que puxa pra cima é mulher que aposta nas decisões do cara, que não fica telefonando pro escritório toda hora, que tem a profissão dela, que o apóia quando ele diz que vai pedir demissão por questões éticas e que confia que vai dar tudo certo. Mulher que empurra pra baixo é a que põe minhoca na cabeça dele sobre os seus colegas, a que tem acessos de carência bem na hora que ele tem que entrar numa reunião, a que não avaliza nenhuma mudança que ele propõe, a que quer manter tudo como está. Mulher que puxa pra cima é a que dá uns toques na hora de ele se vestir, a que não perturba com questões menores, a que incentiva o marido a procurar os amigos, a que separa matérias de revista que possam interessá-lo, a que indica livros, a que faz amor com vontade. Mulher que empurra pra baixo é a que reclama do salário dele, a que não acredita que ele tenha taco pra assumir uma promoção, a que acha que viajar é despesa e não investimento, a que tem ciúmes da secretária. Mulher que puxa pra cima é a que dá conselhos e não palpite, a que acompanha nas festas e nas roubadas, a que tem bom humor. Mulher que empurra pra baixo é a que debocha dos defeitos dele em rodinhas de amigos e que não acredita que ele vá mais longe do que já foi. Se por trás de todo grande homem existe uma grande mulher, então vale o inverso também: por trás de um pequeno homem talvez exista uma mulherzinha de nada.
Martha Medeiros.